segunda-feira, 9 de setembro de 2019

16 Tipos para Entender a Língua Bolsonarista


16 Tipos para Entender a Língua Bolsonarista
Ricardo Sturmer
setembro 2019
Bolsonaro fala para um público segmentado e é neste sentido que devemos entender suas declarações estapafúrdias. Cada uma delas visa agradar uma parte de seu público. A sua campanha, apoiada por Bannon-Cambridge Analítica, foi baseada nesta segmentação. Suas declarações violentas, que podem ser tomados como ato, levam ao aumento da violência, como a execução do sequestrador do ônibus no Rio ( um negociador poderia ter evitado, um tiro bastava para neutralizar, 5 tiros é execução ) e as mortes por tiro nas comunidades ( a Glöbbelsgolpe não fala de tiros da polícia ).
O ponto forte foi a campanha de desinformação que envolvia a discussão da sexualidade no ambiente escolar. Foi montada a divulgação de uma black-propaganda que atribuía a esquerda uma corrupção moral de erotização infantil que levaria à pedofilia.
Os tipos distinguidos por Isabel Kalil do público segmentado de bozo nos ajudam a melhor dialogar com estas pessoas e entender o motivo das besteiras faladas por ele. Abaixo um extrato de sua pesquisa:

1. As pessoas de bem:
Instituições fortalecidas para o fim da impunidade
Não acreditam que a “justiça com as próprias mãos” possa a
ser a solução para o país, repudiam a violência entre os cidadãos e desejam que
as instituições sejam fortalecidas. Este perfil comporta um amplo espectro de
posições que variam desde a proposta de que a Polícia Federal deveria substituir
o Supremo Tribunal Federal, até aqueles que clamam pela volta da ditadura
militar ou uma “intervenção militar temporária e constitucional”.
A frase “direitos humanos
para humanos direitos” serve como síntese para expressar que o Estado só age
de maneira mais bruta ou viola direitos daqueles que não são “pessoas de bem”.

2) Masculinidade viril:
Armas para os civis fazerem justiça com as próprias mãos
Muito próximo da “pessoa de bem”, estes perfis compartilham das
mesmas características com uma exceção: a justiça não seria “terceirizada” para
as instituições e sim exercida pelo próprio cidadão.
Este perfil enxerga a violência urbana como o maior problema
social e se vê como um sujeito constantemente ameaçado. Alguns homens deste
perfil definem a si mesmos como “opressores”. Diante do problema da violência,
o “opressor”, vislumbra no porte de armas uma solução, pois acredita que os
cidadãos devem ter condições de se defender e também de praticar justiça,
quando necessário. A justiça neste sentido, é vista como a capacidade de se
defender de “bandidos”, mas também de se defender contra eventuais abusos do
próprio Estado, leia-se uma ditadura comunista ou um governo autoritário de
esquerda.

3) Nerds, gamers, hackers e haters
A construção de um mito
Esse grupo foi um dos principais responsáveis
por disseminar a imagem de Bolsonaro em sua pré-campanha, o que contribuiu
consideravelmente para sua atual “popularidade”. A figura em particular
construída pelos nerds, gamers e hackers conservadores compreende a do
‘bolsomito’, lapidada a partir da produção, majoritariamente nas redes sociais,
de memes centrados no candidato, geralmente acompanhados por um tom
jocoso e provocador”.

4) Militares e ex-militares
Guerra às drogas como solução para a segurança pública
Repudiam, em sua maioria, a escalada da criminalidade, a
desvalorização e o sucateamento das instituições voltadas para a
segurança pública e também a falta de ordem nas instituições nacionais e na
sociedade civil.
No tema da criminalidade, este perfil critica a ascensão de facções criminosas
como PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), vinculam
esse fenômeno à despreocupação dos governos de esquerda com o tema da
segurança pública, em especial, o problema do tráfico de drogas.

5) Femininas e “bolsogatas”:
Mulheres “empoderadas” para além do “mimimi”
Assim, algumas dessas mulheres repudiam mais a agenda feminista,
outras repudiam mais o assédio dos homens e a violência contra a mulher. Mas
em todos os casos se alinham com proposições de políticas duras contra a
“corrupção”, a criminalidade e também contra a violência de gênero.

6) Mães de direita:
Por uma escola sem “ideologia de gênero”
Essas mães defendem que a “inocência” e a “ingenuidade” infantil devem ser
preservadas e temem a “doutrinação da ideologia de gênero” e/ou “doutrinação
marxista” nas escolas pelos professores.

7) Homossexuais conservadores
Homem é homem”, não importa se gay ou hétero
A maioria deste perfil é formada por
homens, poucas mulheres lésbicas são vistas em meio ao grupo. Este perfil se
combina com a “pessoa de bem” na crença de que apenas as pessoas LGBT que
sofrem violência são aquelas que “dão pinta” ou “não se dão o respeito”. Embora
este grupo não seja numericamente a maior base de apoio a Bolsonaro, seu
perfil é essencial para ajudar a comprovar a tese de que o candidato não é
homofóbico e respeita as liberdades individuais.
Este perfil tende a naturalizar o discurso “anti gay afeminado”, ou seja, uma pessoa
homossexual deveria manter a “compostura” perante as pessoas mais velhas e
crianças, para não oferecer exemplos de “vulgaridade em público”.

8) Etnias de direita
Minorias perseguidas por se posicionarem a favor de Bolsonaro
Suas principais reivindicações são no sentido de buscar
maior autonomia de posicionamento político, defendendo que minorias étnicas
têm sido perseguidas por se posicionarem a favor de Bolsonaro.
A atuação deste perfil é orientada pela ideia de que os
governos de esquerda teriam fragmentado uma “unidade nacional” e que
Bolsonaro teria como proposta um “governo unificador” baseada na ideia de que
“o Brasil é um só”, como expressa o jargão propagado pelo próprio candidato.
Alguns são contra as cotas, muitos são contra o “vitimismo”. A questão do
desemprego é recorrentemente citada. Sua atuação visa diluir as diferenças
entre as classes, etnias e gênero que, segundo essa tendência, teria sido
propagadas pelos governos, intelectuais e militantes de esquerda.

9) Estudantes pela liberdade
Voto rebelde contra a “doutrinação marxista”
Estes estudantes não se veem contemplados pelo ambiente escolar ou
acadêmico e se sentem privados da participação em grêmios e centros
acadêmicos em razão de posicionamentos políticos.
Dentre os estudantes de ensino
médio privado temos aqueles que são contrários às políticas públicas que
possibilitam acesso dos jovens de ensino público na universidade e também
qualquer mecanismo de cota que “facilite” ou “privilegie” certas camadas sociais
em detrimento de outras. Para estes, o mérito é o que deve imperar.
Especificamente em relação aos cursos de
humanidades, fazem fortes críticas à uma “educação doutrinadora”, que não
respeita os valores que os alunos trazem de casa, ou, até mesmo, de sua
“formação política independente”. Vislumbram a “doutrina marxista” como uma
grande ameaça à educação imparcial liberal, fazem coro a discursos sobre o
“marxismo cultural” e da escola enquanto uma forma de reprodução da
“ideologia comunista”.

10) Periféricos de direita
Os "pobres" que desejam o "Estado mínimo"
O grupo caracteriza-se pela revolta e pela denúncia da
violência e da impunidade que são por eles vividas em regiões periféricas da
cidade e/ou questões específicas como violência contra mulheres e crianças,
estupro, problemas econômicos, desemprego, corrupção e ainda sobre a má
qualidade dos serviços públicos. Segundo esta perspectiva, as posturas e
propostas “de esquerda” não dão conta de resolver ou não davam a atenção
necessária para estas questões, com ênfase especial à questão da segurança
pública.
Sobre uma potencial redução do papel do Estado - já que são pessoas que
dependem dos serviços públicos -, na percepção de parte dos entrevistados, a
defesa do Estado mínimo significa que o Estado deveria intervir o mínimo
possível em questões consideradas como o campo da religião ou da vida íntima
(leia-se moral) e não necessariamente implicariam em uma redução de serviços
públicos, como a educação e a saúde.

11) Meritocratas:
O antipetismo dos liberais que “venceram pelo próprio mérito”
Este perfil assume um dos discursos mais convictos
principalmente contra a corrupção, tendo como expressão um acentuado
antipetismo. Possuem uma visão mais racional e esclarecida a respeito de um
projeto de Estado neoliberal ou Estado mínimo. Defendem redução ou corte de
programas sociais, tendem a ver estes programas ou como privilégios ou como
formas de tornar as pessoas pouco produtivas.
O que importa é que Bolsonaro não
representará o modelo econômico petista que corrobora uma tendência vista
como negativa na sociedade brasileira que teria “muitos direitos e poucos
deveres”.

12) Influenciadores digitais
Liberais e conservadores “salvando o Brasil de se tornar uma Venezuela”
Os/as influenciadores/as tem eles/elas mesmos/as perfis heterogêneos: 1)
Convertidos: pessoas que já foram comunistas, gays, feministas, ateus e
militantes de esquerda, mas que abandonaram esses movimentos e assumiram
uma postura de duras críticas em relações a eles. 2) Celebridades: são, muitas
vezes, cantores, atletas e artistas que declaram apoio à Jair Bolsonaro, seus
posicionamentos geram grande repercussão. 3) Pensadores, intelectuais e
jornalistas que lançam tendências, realizam análises e, por vezes, possuem
afinidades ideológicas com a direita internacional (liberal ou conservadora).

13) Líderes religiosos
A defesa da família contra o “kit gay” e outros pecados
São arautos do que é entendido como formas de conduta
adequadas e íntegras, por conta disso, repudiam a “ideologia de gênero”, que é
vista como pecado e degeneração dentro das instituições religiosas. Possuem
um discurso extremamente forte em relação ao que chamam “kit gay”, que
estaria corrompendo as crianças na escola. Segundo eles, seriam materiais
didáticos e ações que estariam “ensinando para meninos que ser menino é
errado e para meninas que ser menina é errado”. São extremamente críticos ao
feminismo, especialmente, na questão do aborto. Nesse contexto, seu discurso
deixa claro que pautas defendidas pelo movimento feminista, movimento LGBTQ
e projetos de discussão de gênero e sexualidade nas escolas estão promovendo
a “destruição da família tradicional”.

14) Fieis religiosos
Cristãos pela “família tradicional”
O que repudiam: Possuem a percepção de que a “família tradicional” vem sendo
ameaçada nos últimos tempos e que o PT corroborou para que isso acontecesse,
sobretudo com aquilo que propunham para a educação das crianças, levando
“ideologia de gênero” e o “kit gay” para dentro das escolas. Acreditam que nos
últimos tempos houve, no Brasil, uma inversão de valores onde há defesa do
criminoso e não da vítima, o aumento do incentivo ao consumo de drogas, ao
aborto e a promiscuidade por parte de jovens esquerdistas e feministas. Estes
grupos estariam subvertendo a família tradicional em favor de uma possível
“ditadura gayzista”.

15) Monarquistas
O retorno a um passado glorioso
A figura do “príncipe” é importante na campanha do
candidato para ajudar a conformar um ideal de “passado glorioso”, que é
evocado seja pelos tempos imperiais, seja pelo tempo dos militares. Em ambos
os casos, se busca reforçar a “manutenção da ordem”. Assim, como a glorificação
dos tempos da ditadura militar, a figura dos monarquistas ajuda a construir
imagens de um passado utópico em relação a um futuro distópico e caótico.

16) Isentos
Política não se discute”
Estão incluídos nesse grupo pessoas que mantém a opinião de que “religião,
política e futebol não se discute”, ao menos em público. Característico desse
perfil são as pessoas que defendem que Bolsonaro não representa a solução
para os problemas do país, mas possuem um forte sentimento antipetista,
anticorrupção ou antisistema.
Tendem a ver que a polarização foi iniciada pelo PT,
embora tanto a direita quanto a esquerda são vistos como agentes da violência,
reforçando sua posição apaziguadora de conflitos. Em seu discurso, também está
presente uma forte repulsa à corrupção, o que na verdade alimenta seu
antipetismo, argumentam que a corrupção passou dos limites e que ela é uma
das maiores responsáveis pela crise econômica do país.

Referências


domingo, 23 de junho de 2019

Brazilgate está se transformando no Russiagate 2.0


Pepe Escobar                                                               
 Tradução Livre: Ricardo Stürmer
Era um vazamento, não um hackeamento. Sim: Brazilgate, lançado por uma série de  bombas revolucionárias publicadas pela The Intercept, pode estar se transformando em um Russiagate tropical.
A Garganta Profunda do Intercept - uma fonte anônima - finalmente revelou em detalhes o que qualquer um com metade do cérebro no Brasil já sabia: que a máquina judicial / legal da investigação unilateral da lava jato era de fato uma farsa maciça e um negócio criminoso empenhado em realizar quatro objetivos.
· Criar as condições para o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 e a subsequente ascensão de seu vice, fantoche manipulado pela elite, Michel Temer.
·  Justificar a prisão do ex-presidente Lula em 2018 - no momento em que ele estava pronto para vencer a mais recente eleição presidencial como uma avalanche. 
· Facilitar a ascensão da extrema-direita brasileira via recurso Steve Bannon (ele o chama de “capitão”) Jair Bolsonaro.


· Instalar o ex-juiz Sergio Moro como ministro da Justiça com esteroides capazes de promulgar uma espécie de Patriot Act brasileiro - pesado em espionagem e leve em liberdades civis.
Moro, lado a lado com o promotor Deltan Dallagnol, que liderava a 13ª força-tarefa do Ministério Público, são as estrelas vigilantes da maracutaia dos serviços de justiça. Nos últimos quatro anos, a mídia brasileira hiperconcentrada, debatendo-se em um pântano de notícias falsas, glorificou esses dois como heróis nacionais dignos do Capitão Marvel. Húbris finalmente alcançou o pântano.
Os bons companheiros brasileiros


O Intercept  prometeu liberar todos os arquivos em sua posse; bate-papos, áudio, vídeos e fotos, um tesouro supostamente maior que o de Snowden. O que foi publicado até agora revela Moro / Dallagnol como um duo estratégico em sincronia, com Moro como capo di tutti i capi , juiz, júri e carrasco em um só - repleto de invenções em série de provas. Isso, por si só, é suficiente para anular todos os casos da lava jato em que ele esteve envolvido - incluindo a acusação de Lula e as sucessivas condenações baseadas em “evidências” que nunca se sustentariam em um tribunal sério.
Em conjunto com uma riqueza de detalhes sangrentos, o princípio Twin Peaks -  as corujas não são o que parecem - aplica-se plenamente ao Brazilgate. Isto porque a gênese da lava jato envolve nada menos que o governo dos Estados Unidos (USG). E não apenas o Departamento de Justiça (DoJ) - como Lula vem insistindo há anos em todas as suas entrevistas. A op ( operação) foi Deep State no seu mais baixo nível.
O WikiLeaks  já havia revelado isso desde o início, quando a NSA começou a espionar a gigante de energia Petrobras e até mesmo o telefone inteligente de Dilma. Em paralelo, inúmeras nações e indivíduos aprenderam como a auto-atribuída extraterritorialidade do DoJ permite que ele vá atrás de qualquer pessoa, de qualquer maneira, em qualquer lugar.
Nunca foi sobre anticorrupção. Em vez disso, trata-se da “justiça” americana que interfere em todas as esferas geopolíticas e geoeconômicas. O caso mais gritante e recente é o da Huawei.
No entanto, o “comportamento maligno” ( para invocar o Pentagones) de Mafiosi Moro / Dallagnol atingiu um novo nível perverso na destruição da economia nacional de uma poderosa nação emergente, um membro dos BRICS e líder reconhecido em todo o Sul Global.
A lava jato devastou a cadeia de produção de energia no Brasil, que por sua vez gerou a venda - abaixo dos preços de mercado - de muitas reservas valiosas de petróleo do pré-sal, a maior descoberta de petróleo do século XXI.
A lava jato destruiu os campeões nacionais em engenharia e construção civil e também em aeronáutica (como na Boeing, comprando a Embraer). E a lava jato comprometeu fatalmente importantes projetos de segurança nacional, como a construção de submarinos nucleares, essencial para a proteção da “Amazônia Azul”.
Para o Conselho das Américas - que Bolsonaro visitou em 2017 -, bem como o Conselho de Relações Exteriores - para não mencionar os “investidores estrangeiros” - ter o garoto neoliberal de Chicago, Paulo Guedes, instalado como ministro da Fazenda, era um sonho molhado. Guedes prometeu em on colocar todo o Brasil à venda. Até agora, sua tarefa tem sido um fracasso absoluto.
Como o rabo abana o cachorro ( How wag the dog )
Mafiosi Moro / Dallagnol eram "apenas um peão em seu jogo", para citar Bob Dylan - um jogo que ambos ignoravam.
Lula ressaltou repetidamente que a questão-chave - para o Brasil e o Sul Global - é a soberania. Sob Bolsonaro, o Brasil foi reduzido ao status de uma neocolonia de banana - com muitas bananas. Leonardo Attuch, editor do portal líder Brasil 247,  diz que “o plano era destruir Lula, mas o que foi destruído foi a nação”.
Tal como está, os BRICS - uma palavra muito suja no anel viário de DC - perderam o seu “B”. Por mais que possam valorizar o Brasil em Pequim e Moscou, o que está entregando o momento é a parceria estratégica "RC", embora Putin e Xi também estejam fazendo o melhor para reviver "RIC", tentando mostrar à Índia de Modi que a integração eurasiana é o caminho a percorrer, não desempenhando um papel de apoio na difusa estratégia indo-pacífica de Washington.
E isso nos leva ao cerne da questão do Brazilgate: como o Brasil é o prêmio mais cobiçado na narrativa mestra estratégica que condiciona tudo que acontece no tabuleiro de xadrez geopolítico em um futuro previsível - o confronto sem barreiras entre os EUA e a Rússia-China. 
Já na era Obama, o Deep State dos EUA identificou que, para incapacitar os BRICS de dentro, o nó estratégico “fraco” era o Brasil. E sim; mais uma vez é o óleo, estúpido.
As reservas de petróleo do pré-sal podem valer até US$ 30 trilhões. O ponto não é apenas que o USG quer um pedaço da ação; o ponto é como controlar a maior parte do petróleo do Brasil que está ligado à interferência com poderosos interesses do agronegócio. Para o Deep State, o controle do fluxo de petróleo do Brasil para o agronegócio é igual a contenção / alavancagem contra a China.
Os EUA, o Brasil e a Argentina, juntos, produzem 82% da soja mundial - e contam. A China implora a soja. Esta não virá da Rússia ou do Irã - que por outro lado podem fornecer à China petróleo e gás natural suficientes (ver, por exemplo, o poder da Sibéria I e II). O Irã, afinal, é um dos pilares da integração eurasiana. A Rússia pode eventualmente se tornar uma potência de exportação de soja, mas isso pode levar até dez anos.
Os militares brasileiros sabem que as relações próximas com a China - seu principal parceiro comercial, à frente dos EUA - são essenciais, o que quer que Steve Bannon possa reclamar. Mas a Rússia é uma história completamente diferente. O vice-presidente Hamilton Mourão, em sua recente visita a Pequim, onde se encontrou com Xi Jinping, parecia estar lendo um comunicado do Pentágono, dizendo à imprensa brasileira que a Rússia é um “ator maligno” que está implantando uma “guerra híbrida ao redor do mundo. "
Assim, o Estado dos EUA pode estar cumprindo pelo menos parte do objetivo final: usar o Brasil em sua estratégia Divide et Impera  de dividir a parceria estratégica Rússia-China.
Fica muito mais picante. Lava jato recondicionada como vaza jato também poderia ser decodificada como um jogo de sombras massivo; um cão abanar com o rabo, composto de dois ativos americanos.
Moro era um ativo certificado pelo FBI, CIA, DoJ e Deep State. Seu uber-chefe seria, em última análise, Robert Mueller (assim, Russiagate). No entanto, para Team Trump, ele seria facilmente dispensável - mesmo que ele seja o Capitão Justiça trabalhando sob o ativo real, o menino Bannon Bolsonaro. Se ele cair, Moro terá a garantia do indispensável paraquedas dourado - completo com residência nos EUA e palestras em universidades americanas.
Greenwald, do Intercept , é agora celebrado por todas as vertentes da esquerda como uma espécie de americano / brasileiro Simon Bolivar com esteróides - com e em muitos casos sem qualquer ironia. Ainda há um problema enorme. O Intercept é de propriedade do praticante hardcore de guerra da informação, Pierre Omidyar.
De quem é a guerra híbrida?
A questão crucial à frente é o que as forças armadas brasileiras estão realmente fazendo neste pântano épico - e quão profundas elas estão subordinadas à Divide et Impera de Washington  .
Esta história gira em torno do todo-poderoso Gabinete de Segurança Institucional, conhecido no Brasil pela sigla GSI. Os carros-chefe do GSI são todos os consensos de Washington. Depois dos anos "comunistas" de Lula / Dilma, esses caras estão agora consolidando um Estado profundo brasileiro supervisionando o controle político de espectro total, assim como nos EUA.
O GSI já controla todo o aparato de inteligência, bem como a Política Externa e Defesa, através de um decreto sub-repticiamente lançado no começo de junho, apenas alguns dias antes da bomba do Intercept. Até o capitão Marvel Moro está sujeito ao GSI; eles devem aprovar, por exemplo, tudo o que Moro discute com o DoJ e o Estado Profundo dos EUA.
Como discuti com alguns dos meus principais interlocutores brasileiros informados, o antropólogo craque, Piero Leirner, que sabe em detalhes como os militares pensam, e o advogado internacional suíço e consultor da ONU Romulus Maya, o Deep State dos EUA está se posicionando como o mecanismo de desova para a ascensão direta das forças armadas brasileiras ao poder, assim como seus garantes. Da mesma forma, se você não seguir nosso roteiro ao pé da letra - relações comerciais básicas apenas com a China; e isolamento da Rússia - podemos balançar o pêndulo a qualquer momento.
Afinal, o único papel prático que o USG teria para as forças armadas brasileiras - na verdade, para todas as forças armadas da América Latina - é como tropa de choque de “guerra às drogas”.
Não há arma fumegante – ainda. Mas o cenário de Vaza Jato como parte de uma psyops ( operação psicológica ) extremamente sofisticada, de domínio de espectro completo, um estágio avançado da Hybrid War ( guerra híbrida), deve ser seriamente considerado.
Por exemplo, a extrema-direita, bem como poderosos setores militares e o império  Globo   de mídia, de repente começaram a divulgar que  a bomba do The INTERCEPt é uma “conspiração russa”.
Quando alguém acompanha o principal site militar do think tank - com muitas coisas praticamente copiadas e coladas diretamente da Escola de Guerra Naval dos EUA - é fácil se surpreender com a crença fervorosa em uma Guerra Híbrida Rússia-China contra o Brasil, onde a cabeça de ponte é provida por “elementos anti-nacionais” como a esquerda como um todo, bolivarianos venezuelanos, FARC, Hezbollah, LGBT, povos indígenas, como dizem.
Depois de Vaza Jato, uma blitzkrieg de notícias falsas combinada culpou o aplicativo Telegram ("eles são os russos do mal!") por hackear os telefones de Moro e Dallagnol. O Telegram oficialmente desmascarou isso em pouco tempo.
Surgiu então que a ex-presidente Dilma Rousseff e a atual presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, fizeram uma visita "secreta" a Moscou apenas cinco dias antes da bomba Vaza Jato. Confirmei a visita à Duma, bem como o fato de que, para o Kremlin, o Brasil, pelo menos por enquanto, não é uma prioridade. Integração eurasiana é. Isso, por si só, desmascara o que a extrema-direita do Brasil faria como Dilma pedindo a ajuda de Putin, que então libertou seus malvados hackers.
Vaza Jato - a segunda temporada do lava jato - pode estar seguindo o padrão Netflix e HBO. Lembre-se que a terceira temporada doTrue Detective foi um sucesso absoluto. Precisamos de rastreadores dignos de Mahershala Ali para detectar fragmentos de evidências sugerindo que as forças armadas brasileiras - com o total apoio do Deep State dos EUA - poderiam estar instrumentalizando uma mistura de Vaza Jato e Guerra Híbrida "Russos" para criminalizar a esquerda para sempre e orquestrar um golpe silencioso para se livrar do clã Bolsonaro e seu QI coletivo de sub-zoologia. Eles querem controle total - sem intermediários apalhaçados. Eles estarão mordendo mais bananas do que podem mastigar?


Por que Lula está preso pela Ci@-A guerra híbrida em andamento


Porque Lula está preso pela Ci@-A guerra híbrida em andamento

Ricardo Stürmer
21 de junho 2019
1.Relação íntima de Moro com Ci@
Simples. Moro está em contato íntimo com o DoJ americano desde a época do escândalo Banestado -CC5 ( forma de mandar dinheiro para o exterior , com laço estreito com doleiros ), portanto inícios dos anos 2000. Após o trabalho interno das Torres Gêmeas ( e também do prédio 7 ) , o novo Pearl Harbour, uma operação de falsa bandeira, que permitiu colocar o terrorismo como o novo inimigo mundial e instaurar os programas internacionais para detecção de lavagem de dinheiro e infiltração da Ci@, visto que os programas de cooperação da DEA ( anti-drogas ), já não estavam sendo tão frutíferas. A visita surpresa a Lengley , junto com Bolsonaro, em 2019 só confirma esta ligação íntima. E ao invés de Foro de São Paulo, usando a técnica leninista, a direita atribui ao outro aquilo que faz, o Foro de Atlanta. E uma sequência de mudanças de regime por golpes híbridos começam a acontecer: Honduras, Paraguai, Brasil, Equador, Peru, Argentina e ataques a Venezuela e Nicarágua.
2. A liderança de Lula e a política internacional altiva e ativa
Durante os anos de ouro dos governos do PT, o Brasil desenvolveu uma política externa independente que servia de inspiração para os outros governos do mundo como o Siriza na Grécia, o que era caracterizado pela troika financeira como mau exemplo.
Hoje, no contexto da aliança Rússia-China em oposição ao imperialismo americano, o interesse do império decadente é manter Lula preso, para não interferir na imposição da política externa americana à diplomacia brasileira.
Demonstração disto é o piti do gal. Heleno ao bater na mesa e exigir a prisão perpétua para Lula. Piti também que se auto-denúncia ao atribuir como false flag os canceres de Lula e Dilma, que atingiu vários líderes latino-americanos e que, no âmbito dos comentaristas de geopolítica, atribuem a operações de guerra química da Ci@ (Lyuba Lulko). Heleno está se auto-denunciando que a fakeada em Bolsonaro é uma false flag operation orientada por Ci@-mossad-CIEx, uma false flag que se transformou em black operation porque não logrou colocar a responsabilidade no PSOL-PT ? Aliás, alerta para o Gal. Villas Boas que pode estar sendo vítima destas mesmas guerras químicas da Ci@ - recomendo exames no Sírio-Libanês, com manipulações ao estilo Mkultra.
3. O golpeatchment como ocupação ianque
A partir do golpe jurídico-militar-midiático, que se inicia desde as manifestações coloridas de 2013 e dá o grande marco com o grito de ofensa à Dilma na abertura da copa de 2014, inicia-se uma derrocada na economia brasileira. Ela é marcada através da destruição pela lava-jato das empreiteiras brasileiras, grandes concorrentes das americanas.E a perseguição à Lula para consolidar o golpe, impedindo sua ascensão ao Ministério, e correndo com seu processo kafkiano para prendê-lo e impedir de voltar à Presidência em 2018.
Com o impeachtment iniciam-se as políticas ultra-liberais de restrição dos gastos públicos em saúde, educação, a precarização do trabalho e destruição da previdência, e a entrega do pré-sal. Com Bolsonaro continuam os ataques a soberania com entrega de Alcântara, Embraer, Amazônia, Refinarias, desmonte da Petrobrás, Submarinos, Urânio.
4. Vaza jato como operação de enquadramento dos militares
Os ianques, descontentes com a falta de apoio dos militares brasileiros nas camionetes da fronteira com Venezuela e mais recentemente com aproximações de Mourão na viagem à China, no contexto da guerra híbrida EUA-China, ativaram Glenn, conhecido como limited hangout ( segundo Pepe Escobar, entregador limitado – 2% do arquivo Snowden ). O vazamento para o TIB seria um recado aos militares que comandam o Estado ( Bolsonaro é só fachada para o controle pelo GSI ) que devem seguir a política externa do deep state americano, sob pena de serem desgastados pela Ci@ com vazamento dos escândalos das propinas dos Generais, obtidas em monitoramento da NS@. Aliás, perceba-se que o site defesa.net, local de publicação das células militares de direita, está infestado de publicidade de empresas internacionais de equipamentos militares e armas. Será este o motivo dos militares e familiares deixarem de ser nacionalistas para se transformarem em comissionados do comércio de equipamentos de defesa?
Em recente artigo Pepe Escobar diz:
Não há arma fumegante – ainda. Mas o cenário de Vaza Jato como parte de uma psyops ( operação psicológica ) extremamente sofisticada, de domínio de espectro completo, um estágio avançado da Hybrid War ( guerra híbrida), deve ser seriamente considerado.
Por exemplo, a extrema-direita, bem como poderosos setores militares e o império Globo de mídia, de repente começaram a divulgar que  a bomba do The INTERCEPt é uma “conspiração russa”.
Vaza Jato - a segunda temporada do lava jato - pode estar seguindo o padrão Netflix e HBO. Lembre-se que a terceira temporada doTrue Detective foi um sucesso absoluto. Precisamos de rastreadores dignos de Mahershala Ali para detectar fragmentos de evidências sugerindo que as forças armadas brasileiras - com o total apoio do Deep State dos EUA - poderiam estar instrumentalizando uma mistura de Vaza Jato e Guerra Híbrida "Russos" para criminalizar a esquerda para sempre e orquestrar um golpe silencioso para se livrar do clã Bolsonaro e seu QI coletivo de sub-zoologia. Eles querem controle total - sem intermediários apalhaçados. Eles estarão mordendo mais bananas do que podem mastigar?

Porque Lula está preso pela Ci@-A guerra híbrida em andamento

21 de junho 2019
1.Relação íntima de Moro com Ci@
Simples. Moro está em contato íntimo com o DoJ americano desde a época do escândalo Banestado -CC5 ( forma de mandar dinheiro para o exterior , com laço estreito com doleiros ), portanto inícios dos anos 2000. Após o trabalho interno das Torres Gêmeas ( e também do prédio 7 ) , o novo Pearl Harbour, uma operação de falsa bandeira, que permitiu colocar o terrorismo como o novo inimigo mundial e instaurar os programas internacionais para detecção de lavagem de dinheiro e infiltração da Ci@, visto que os programas de cooperação da DEA ( anti-drogas ), já não estavam sendo tão frutíferas. A visita surpresa a Lengley , junto com Bolsonaro, em 2019 só confirma esta ligação íntima. E ao invés de Foro de São Paulo, usando a técnica leninista, a direita atribui ao outro aquilo que faz, o Foro de Atlanta. E uma sequência de mudanças de regime por golpes híbridos começam a acontecer: Honduras, Paraguai, Brasil, Equador, Peru, Argentina e ataques a Venezuela e Nicarágua.
2. A liderança de Lula e a política internacional altiva e ativa
Durante os anos de ouro dos governos do PT, o Brasil desenvolveu uma política externa independente que servia de inspiração para os outros governos do mundo como o Siriza na Grécia, o que era caracterizado pela troika financeira como mau exemplo.
Hoje, no contexto da aliança Rússia-China em oposição ao imperialismo americano, o interesse do império decadente é manter Lula preso, para não interferir na imposição da política externa americana à diplomacia brasileira.
Demonstração disto é o piti do gal. Heleno ao bater na mesa e exigir a prisão perpétua para Lula. Piti também que se auto-denúncia ao atribuir como false flag os canceres de Lula e Dilma, que atingiu vários líderes latino-americanos e que, no âmbito dos comentaristas de geopolítica, atribuem a operações de guerra química da Ci@ (Lyuba Lulko). Heleno está se auto-denunciando que a fakeada em Bolsonaro é uma false flag operation orientada por Ci@-mossad-CIEx, uma false flag que se transformou em black operation porque não logrou colocar a responsabilidade no PSOL-PT ? Aliás, alerta para o Gal. Villas Boas que pode estar sendo vítima destas mesmas guerras químicas da Ci@ - recomendo exames no Sírio-Libanês, com manipulações ao estilo Mkultra.
3. O golpeatchment como ocupação ianque
A partir do golpe jurídico-militar-midiático, que se inicia desde as manifestações coloridas de 2013 e dá o grande marco com o grito de ofensa à Dilma na abertura da copa de 2014, inicia-se uma derrocada na economia brasileira. Ela é marcada através da destruição pela lava-jato das empreiteiras brasileiras, grandes concorrentes das americanas.E a perseguição à Lula para consolidar o golpe, impedindo sua ascensão ao Ministério, e correndo com seu processo kafkiano para prendê-lo e impedir de voltar à Presidência em 2018.
Com o impeachtment iniciam-se as políticas ultra-liberais de restrição dos gastos públicos em saúde, educação, a precarização do trabalho e destruição da previdência, e a entrega do pré-sal. Com Bolsonaro continuam os ataques a soberania com entrega de Alcântara, Embraer, Amazônia, Refinarias, desmonte da Petrobrás, Submarinos, Urânio.
4. Vaza jato como operação de enquadramento dos militares
Os ianques, descontentes com a falta de apoio dos militares brasileiros nas camionetes da fronteira com Venezuela e mais recentemente com aproximações de Mourão na viagem à China, no contexto da guerra híbrida EUA-China, ativaram Glenn, conhecido como limited hangout ( segundo Pepe Escobar, entregador limitado – 2% do arquivo Snowden ). O vazamento para o TIB seria um recado aos militares que comandam o Estado ( Bolsonaro é só fachada para o controle pelo GSI ) que devem seguir a política externa do deep state americano, sob pena de serem desgastados pela Ci@ com vazamento dos escândalos das propinas dos Generais, obtidas em monitoramento da NS@. Aliás, perceba-se que o site defesa.net, local de publicação das células militares de direita, está infestado de publicidade de empresas internacionais de equipamentos militares e armas. Será este o motivo dos militares e familiares deixarem de ser nacionalistas para se transformarem em comissionados do comércio de equipamentos de defesa?
Em recente artigo Pepe Escobar diz:
Não há arma fumegante – ainda. Mas o cenário de Vaza Jato como parte de uma psyops ( operação psicológica ) extremamente sofisticada, de domínio de espectro completo, um estágio avançado da Hybrid War ( guerra híbrida), deve ser seriamente considerado.
Por exemplo, a extrema-direita, bem como poderosos setores militares e o império Globo de mídia, de repente começaram a divulgar que  a bomba do The INTERCEPt é uma “conspiração russa”.
Vaza Jato - a segunda temporada do lava jato - pode estar seguindo o padrão Netflix e HBO. Lembre-se que a terceira temporada doTrue Detective foi um sucesso absoluto. Precisamos de rastreadores dignos de Mahershala Ali para detectar fragmentos de evidências sugerindo que as forças armadas brasileiras - com o total apoio do Deep State dos EUA - poderiam estar instrumentalizando uma mistura de Vaza Jato e Guerra Híbrida "Russos" para criminalizar a esquerda para sempre e orquestrar um golpe silencioso para se livrar do clã Bolsonaro e seu QI coletivo de sub-zoologia. Eles querem controle total - sem intermediários apalhaçados. Eles estarão mordendo mais bananas do que podem mastigar?


domingo, 2 de junho de 2019

Chuchuca, vai para casa. O neoliberalismo é anacrônico


Chuchuca, vai para casa. O neoliberalismo é anacrônico
Ricardo Sturmer
junho 2019
O discurso da mídia corporativa dos bancsters é uníssono, vazio de debate, calcado num discurso antigo, com alguns dogmas como:
1. O Estado é como uma família, não pode gastar mais do que arrecada.
2. Se gastar mais deverá emitir dinheiro.
3. A criação de dinheiro é feita pelo Banco Central
4. A emissão de dinheiro gerará inflação.

Até o liberal Lara Resende em artigo recente no Valor Econômico diz que este caminho do Chuchuca dos bancsters, um Chicago Old de tão defasado, está fadado ao fracasso:

Os liberais foram derrotados porque adotaram um dogmatismo monetário quantitativista equivocado. Tentaram combater a inflação promovendo um aperto da liquidez. O resultado foi sempre o mesmo: recessão, desemprego e crise bancária. Expulsos do comando da economia pela reação da sociedade, seus defensores recolhiam-se para lamentar a demagogia dos políticos e a irracionalidade da população. Quase sete décadas depois de Gudin, os liberais voltam a comandar a economia. O apego a um fiscalismo dogmático e a um quantitativismo anacrônico pode levá-los, mais uma vez, a voltar para casa mais cedo do que se imagina.
Devemos lembrar que o Chuchuca possui um banco especializado em gerenciamento de fortunas com filiais em 28 paraísos fiscais, como nos informa Dowbor. Como alguém que orienta pessoas a sonegar impostos pode ser o responsável pela arrecadação tributária? Como os militares, os herdeiros de Frota, do qual Heleno era ajudante de ordens, que se opunham a abertura lenta, gradual e progressiva de Geisel nacionalista aceitam isto? Dowbor também nos lembra que há uma estimativa de US$ 540 bilhões de dólares de brasileiros que não foram repatriados, que não pagaram impostos ainda no exterior. Como os militares do grupo das MOUT( Militar Operation on Urban Terrain ) do Haiti compactuam com alguém que trabalha pela sonegação de tributos ? Querem implantar uma ditadura lenta gradual e progressiva que uma gestão Chuchuca de concentração de renda por despossessão provocará, um novo Haiti será aqui? Então já estarão a postos.
Lara Resende lembra um conceito de Abba Lerner ( 1943 ) que falava de Finanças Funcionais, retomado pelos democratas americanos AOC/Bernie Sanders. Eles estão propondo fazer um Green New Deal, um novo pacto verde, com pleno emprego, assistência médica para todos, ensino universitário gratuito, cancelamento de dívidas dos universitários, tudo isto sem aumentar impostos, baseados na MMT, Modern Money Teory que diz o seguinte.
Pilares de um novo paradigma macroeconômico
1. A moeda fiduciária contemporânea é essencialmente uma unidade de conta
O primeiro pilar do novo paradigma macroeconômico, a sua pedra angular, é a compreensão de que moeda fiduciária contemporânea, não mais lastreada em ouro mas na confiança, é essencialmente uma unidade de conta. Assim como o litro é uma unidade de volume, a moeda é uma unidade de valor. O valor total da moeda na economia é o placar da riqueza nacional. Como todo placar, a moeda acompanha a evolução da atividade econômica e da riqueza.
Moeda e impostos são indissociáveis. A moeda é um título de dívida do Estado que serve para cancelar dívidas tributárias. Como todos os agentes na economia têm ativos e passivos com o Estado, a moeda se transforma na unidade de contabilização de todos os demais ativos e passivos na economia. A aceitação da moeda decorre do fato de que ela pode ser usada para quitar impostos.
O governo não precisa adquirir moeda para gastar, mas, obrigatoriamente, cria moeda ao gastar. O governo não está sujeito a uma restrição financeira, como os demais agentes econômicos, está sujeito exclusivamente à restrição da capacidade produtiva da economia. Do ponto de vista macroeconômico, os impostos são cobrados, não para financiar os gastos do governo, mas para abrir espaço para os gastos do governo, sem que haja pressão excessiva sobre a capacidade produtiva. A distinção é mais importante do que parece, pois só há necessidade de tributar quando não há espaço na capacidade produtiva da economia para acomodar o gasto público. Se a economia tem capacidade ociosa, não há porque tributar para financiar gastos públicos. Esta é a conclusão lógica do Cartalismo, que confirma a intuição dos que sustentam que a política monetária pode evitar, como o QE efetivamente evitou, uma depressão, mas só a política fiscal pode levar à recuperação da atividade econômica.

2. O governo que emite moeda não tem restrição financeira
O segundo pilar é um corolário do primeiro: dado que a moeda é uma unidade de conta, um índice oficial de ativos e passivos, o governo que a emite não tem restrição financeira. O Estado nacional que controla a sua moeda não tem necessidade de levantar fundos para se financiar, pois ao efetuar pagamentos, automática e obrigatoriamente, cria moeda, assim como ao receber pagamentos, também de maneira automática e obrigatória, destrói moeda. Como não precisa respeitar uma restrição financeira, a única razão macroeconômica para o governo cobrar impostos é reduzir a despesa do setor privado e abrir espaço para os seus gastos, sem pressionar a capacidade de oferta da economia. O governo não tem restrição financeira, mas é obrigado a respeitar a restrição da realidade, sob pena de pressionar a capacidade instalada, provocar desequilíbrios internos e externos e criar pressões inflacionárias.
Uma família não pode criar moeda e por isto que um Estado não precisa respeitar as regras da economia doméstica. A analogia entre o Estado e todos os demais agentes na economia, famílias e empresas, obrigados a respeitar as suas restrições financeiras, embora não seja verdadeira, é um poderoso instrumento de retórica. Afirmar que os gastos públicos são financiados pelo “o seu, o meu, o nosso” dinheiro é incorreto, mas cala fundo em quem paga seus impostos.
A primeira prescrição de Lerner, a sua “primeira lei da finanças funcionais”, é macroeconômica: o governo deve sempre usar a política fiscal para manter a economia no pleno emprego e estimular o crescimento. A única preocupação em relação à aplicação dessa prescrição deve ser com os limites da capacidade de oferta da economia, que não podem ser ultrapassados, sob pena de provocar desequilíbrios internos e externos e criar pressões inflacionárias. A segunda prescrição, ou a segunda “lei das finanças funcionais”, é microeconômica: os impostos e os gastos do governo devem ser avaliados segundo uma análise objetiva de custos e benefícios, nunca sob o prisma financeiro.
Estes são paradigmas totalmente diferentes dos governos do golpe e do Chuchuca, preocupados em promover a acumulação pela despossessão do povo, com a Pec dos gastos que vai retirando os ganhos da assistência à saúde, com a retirada dos direitos trabalhistas que vai precarizando o mundo do trabalho, aumentando o desemprego, e agora com a destruição da seguridade social que vai retirar a aposentadoria de todos.

3. O Banco Central fixa a taxa de juros básica da economia
O terceiro pilar é a constatação de que o Banco Central fixa a taxa de juros básica da economia, que determina o custo da dívida pública. Desde os anos 1990, sabe-se que os bancos centrais não controlam a quantidade de moeda, nenhum dos chamados “agregados monetários”, mas sim a taxa de juros.Ficou explícito que o banco central só atua sobre a demanda agregada através da taxa de juros, para levar a inflação a ficar dentro das metas anunciadas. A emissão de moeda não é uma variável sobre controle do banco central e não provoca inflação. O principal instrumento de que dispõe o Banco Central para o controle da demanda agregada é a taxa básica de juros. O aumento da dívida melhora o bem-estar. Este é um resultado que foi sempre intelectualmente intrigante, mas que, com as atuais taxas de juros excepcionalmente baixas nos países desenvolvidos, tem implicações práticas para as políticas públicas.
A tese da Cartalista da MMT é que as políticas monetária e fiscal não são independentes. Se a demanda agregada pressiona a inflação, a resposta correta é fazer uma política fiscal contracionista, cortando os gastos ou elevando os impostos. A taxa de juros deve ser fixada com o objetivo de maximizar o investimento e o crescimento, o bem-estar, da economia. Como demonstra a “taxa de juros biológica” de Samuelson“ e a ”regra de ouro” de Phelps, a taxa de juros que maximiza o bemestar é igual à taxa de crescimento. A taxa básica de juros deve ser, portanto, fixada sempre abaixo da taxa de crescimento da economia, que a longo-prazo, em “steadystate”, coincide com a taxa de retorno real, ou a taxa “natural” de juros.

O grande problema do Brasil é que desde FHC a taxa de juros tem sido fixada acima da taxa de crescimento da economia, com exceção de curto período nos anos dourados dos governos do PT, principalmente em 2013, quando Dilma fixou em 1,5% e obrigou os bancos a baixar a taxa de juros cobradas das famílias através dos bancos públicos. E no paradigama neoliberal sempre se pensou em cortar os gastos ou aumentar tributos. Mas este novo paradigma mostra que o Chuchuca deve pensar em baixar os juros, ao invés de cortar os gastos com os pobres do país, visto que não se trata de diminuir o bem-estar mas evitar a miséria da população idosa que fatalmente derivará da aplicação do seu plano de destruição da previdência.

4 . A taxa de juros da dívida inferior à taxa de crescimento implica :
a) a relação dívida/PIB irá decrescer sem necessidade de qualquer aumento da carga tributária.
b) aumentar o bem-estar de todos em relação ao equilíbrio competitivo através do endividamento público
O quarto pilar é a constatação de que uma taxa de juros da dívida inferior à taxa de crescimento da economia tem duas implicações importantes. A primeira é que a relação dívida/PIB irá decrescer a partir do momento em que o déficit primário – aquele que exclui os juros da dívida – for eliminado, sem necessidade de qualquer aumento da carga tributária. Portanto, se a taxa de juros, controlada pelo Banco Central, for fixada sempre abaixo da taxa de crescimento, a dívida pública irá decrescer, sem custo fiscal, a partir do momento em que o déficit primário for eliminado. Este é um resultado trivial e mais robusto do que parece, pois independe do nível atingido pela relação dívida/PIB, da magnitude dos déficits e da extensão do período em que há déficits. A segunda implicação, tecnicamente mais sofisticada, é que será possível aumentar o bem-estar de todos em relação ao equilíbrio competitivo através do endividamento público.

Sobre a Inflação
Ao contrário do que se acreditou por muito tempo, a emisão de moeda não provoca inflação. Inflação é essencialmente questão de expectativas, porque expectativas de inflação provocam inflação. As expectativas se formam das maneiras mais diversas, dependem das circunstâncias, e os economistas não têm ideias precisas sobre como são formadas. A pressão excessiva da demanda agregada sobre a capacidade instalada cria expectativas de inflação, mas não é condição necessária para a existência de expectativas inflacionárias. Alguns preços, como salários, câmbio e taxas de juros, funcionam como sinalizadores para a formação das expectativas. Se o banco central tiver credibilidade, as metas anunciadas para a inflação também serão um sinalizador importante. Uma vez ancoradas, as expectativas são muito estáveis. A inflação tende a ficar onde sempre esteve. Por isso é tão difícil, como sempre se soube, reduzir uma inflação que está acima da desejada. Depois da grande crise financeira de 2008, ficou claro que é igualmente difícil elevar uma inflação que está abaixo da desejada.

Conclusão
Estes novos paradigmas macroeconômicos permitem compreender as novas experiências mundiais. É o caso, por exemplo, da renitente inflação abaixo das metas nas economias avançadas, mesmo depois de um inusitado aumento da base monetária. Permite compreender como é possível que a economia japonesa carregue uma dívida pública acima de 200% do PIB, com juros próximos de zero, sem qualquer dificuldade para o seu refinanciamento. Ajuda a explicar o rápido crescimento da economia chinesa, liderado por um extraordinário nível de investimento público e com alto endividamento. Ficou explícito que o banco central só atua sobre a demanda agregada através da taxa de juros, para levar a inflação a ficar dentro das metas anunciadas. A emissão de moeda não é uma variável sobre controle do banco central e não provoca inflação. É também o que demonstrou, de forma categórica e inequívoca, o experimento de “Quantitative Easing” dos bancos centrais dos países desenvolvidos, implementado depois da crise financeira de 2008. Os bancos centrais expandiram as reservas bancárias para comprar ativos do sistema financeiro. O aumento da base, ou seja, a “emissão” de moeda, foi de uma ordem de grandeza nunca vista, multiplicando o passivo dos bancos centrais por fatores superiores a dez vezes. Em toda parte, nos Estados Unidos, na União Europeia, no Reino Unido, assim como no Japão, que já tinha dado início à expansão monetária de QE anos antes da grande crise financeira, a inflação continuou impassível, abaixo das metas.
Piketty diagnostica que um capitalismo com tamanho grau de concentração é ineficiente e propõe a taxação progressiva do estoque das aplicações financeiras. Temos agora em nível mundial um movimento da direita, que como reação a isto tem uma ideologia de enaltecimento da opressão ao não ricos, como estratégia de acumulação por despossessão. Exemplo disto é que com todo dinheiro injetado nos bankters americanos na crise de 2008, nada foi utilizado para impedir que as famílias perdessem suas casas hipotecadas. Com a desvalorização das casas, as empresas estão comprando os imóveis para alugar e aguardar o aumento de preços. Bolsonaro, como milícia dos 1%, está aplicando aqui esta política de acumulação por despossessão.
A nova teoria macroeconomica mostra que o principal em nosso país é modificar a política de juros do Banco Central de forma que ela fosse inferior a taxa de crescimento. Para isto deve-se pensar em políticas de crescimento econômico que devem começar, como Dowbor sugere, com a diminuição do juros para o crédito das famílias para valores a níveis internacionais. AOC/Bernie propõe um limite de 18 %, onde os juros no cartão de crédito chegam a 48%. Esta visão também permite o aumento do endividamento público para o aumento do bem-estar das famílias até o limite do pleno emprego. Portanto não é preciso destruir a previdência, porque não há necessidade e mais porque não é funcional. A destruição da seguridade social criará uma população de idosos miseráveis, seria a vergonha da nação brasileira.
Chuchuca, vai para casa!